Apresentamos para o público algumas instituições, espaços e coletivos que reivindicam e atuam em prol da memória dos fiéis do Contestado na atualidade.
Os vestígios e remanescentes da Guerra do Contestado estão vivos e atuantes no planalto catarinense até a atualidade. Eles se materializam em associações culturais, em movimentos sociais, em coletivos educacionais e políticos, em espaços de devoção e de memória. Apresentamos para o público algumas instituições, espaços e coletivos que reivindicam e atuam em prol da memória dos fiéis do Contestado na atualidade.
O GIMC apoia o movimento em prol da construção da Universidade Federal do Contestado.
Marcos Históricos e Lugares de Memória da Guerra do Contestado
No espaço geográfico que corresponde, hoje, ao mapa no qual ocorreu a Guerra do Contestado, encontramos inúmeros locais que remetem à memória e à história daquele evento. Tanto marcos históricos materiais, quanto lugares de memória, materiais e imateriais, abundam na região. São capelas, águas santas, grutas, placas, cemitérios, locais de cremação, cruzes, sítios arqueológicos, estações ferroviárias, lembranças e relatos orais, entre inúmeras outras marcas, que relembram e evocam continuamente aquele grande conflito e tantas vidas por ele influenciadas.
Por muito tempo, a Guerra do Contestado foi um assunto tratado como tabu por grande parte dos remanescentes, fossem sobreviventes ou familiares de combatentes mortos. O trauma gerado pelo conflito, marcado por tanto sofrimento, fome, doenças e execuções, fez com que o assunto se tornasse “maldito”. Além disso, as elites atuavam na tentativa de apagamento das memórias dos combatentes, ao tratar de forma preconceituosa e deturpada a ação dos rebeldes, estigmatizando-os como bandidos, ignorantes, selvagens, fanáticos. Contudo, há algumas décadas, a história do Contestado passou a ser resgatada por algumas associações culturais, que buscavam revisitar as memórias e reconstruir a identidade regional. Ressalte-se o trabalho pioneiro de Vicente Telles, junto ao sítio histórico do Irani e que muito influenciou as iniciativas posteriores. Mais recentemente, temos ações da Associação Cultural Coração do Contestado (Lebon Régis); a Associação Cultural Cabocla Filhos do Contestado; o Fórum Regional em Defesa da Civilização e da Cultura Cabocla do Contestado; o Grupo Cultural Renascença Cabocla, entre outras organizações.
Muitos dos lugares de memória da região estão associados à figura do Monge João Maria. A devoção ao Monge garantiu a preservação de inúmeras grutas, fontes d’água, capelas, lapas, parques, fotografias, imagens, orações e lendas sobre esse personagem, cuja tradição reúne em uma só figura santa dois diferentes personagens históricos. A fé em São João Maria vai muito além da região do Contestado, expandindo-se por todo o sul do Brasil, parte do sudeste e além. Contudo, é marcante a concentração de tais patrimônios em regiões associadas à história da Guerra.
O evento tem como finalidade a análise e o debate a respeito do papel ocupado pela religiosidade popular na organização, mobilização e estruturação das insurgências e movimentos populares no Brasil, com destaque para a atuação de sujeitos e atividades ligadas a tradições de mátriz africana e indígena. O foco será tanto em episódios ocorridos no Brasil, como na América Latina e demais regiões do mundo. A reabertura do debate sobre a religiosidade dos homens e mulheres da Guerra do Contestado servirá como referência para a organização das atividades e das reflexões e, partir desse conflito, as conexões com as tradições de rebeldia popular em outros espaços e tempos serão analisadas. Esses conflitos serão analisados tanto no passado, quanto em suas reminiscências, usos políticos e relações sociais e políticas na atualidade. Intenta-se envolver participantes da área de História e das Ciências Humanas, incluindo os estudos nos campos literários e artísticos.
El evento tiene como finalidad analizar y debatir el rol que ocupa la religiosidad popular en la organización, movilización y estructuración de las insurgencias y movimientos populares en Brasil, con énfasis en los sujetos y actividades ligadas a tradiciones de matriz africana en indígena. El evento se enfocará tanto en acontecimientos ocurridos en Brasil, como en América Latina y demás regiones del mundo. La reapertura del debate sobre la religiosidad de los hombres y mujeres de la Guerra del Contestado servirá de referencia para la organización de las actividades, las reflexiones y, partiendo de este conflicto, de las conexiones con tradiciones de rebeldía popular en otros espacios y tiempos que analizados. El enfoque no se limita al estudio del pasado de estos conflictos, sino también son consideradas sus reminiscencias, usos políticos, y relaciones sociales y políticas en la actualidad. El simposio comprenderá además el estudio de acontecimientos ligados a la Guerra del Contestado, así como también de las vida y tradiciones de las poblaciones del planalto meridional. Con esta iniciativa, se busca además estimular la interlocución con estudios sobre otros movimientos socio-religiosos de Brasil, y demás investigaciones relacionadas con religiosidades populares. Se busca incorporar participantes del área de Historia y de las Ciencias Humanas, incluyendo estudios de los campos literarios y artísticos.
O curso está organizado em 14 horas de atividades remotas síncronas e 16 horas assíncronas, acessadas por meio da plataforma moodle da UDESC. Foram propostos 5 blocos, sendo 10 horas para o Movimento do Contestado e 20 horas para as Práticas Pedagógicas, que estão divididas em 5 horas sobre Educação para Crianças, 5 horas sobre Educação Artística e Patrimonial, 5 horas sobre Educação Ambiental e Tecnológica e 5 horas sobre Movimentos Sociais. Em cada uma das diferentes áreas, foram convidados educadores com notório trabalho pedagógico sobre o Contestado, os quais produziram videoaulas detalhando as suas Práticas Pedagógicas. Cada bloco tem destinada uma carga horária para os participantes assistirem às videoaulas e realizarem a atividade de acompanhamento na plataforma, bem como, participarem da mesa de debate realizada de forma remota síncrona. São contabilizados ainda 10 horas do encontro presencial que ocorrerá no dia 10 de agosto de 2024 no Centro de Formação João Paulo II no município de Caçador. Para o encontro presencial serão disponibilizadas gratuitamente refeições e algumas linhas de transporte ida e volta para os municípios da região do Contestado, a depender do número de participantes em cada município.
Tirada na terceira sessão (sessão Chapecó) de nosso I Simpósio Nacional do Centenário do Contestado. A Carta é importante, pois marca nosso compromisso público com a memória e a vida das populações sertanejas, e serviu de base para várias intervenções públicas de nosso Grupo de pesquisa.
